Cesar Junker
Há uma acentuada epidemia de ansiedade em nossos dias devido à pandemia do COVID-19. Pelo desejo de acumular bens de consumo e controlar o futuro para tentar, sem sucesso, aplacar o vazio da nossa alma, vivemos ansiosos e esbaforidos, perdendo a saúde, os relacionamentos e a paz. A ansiedade é um dos principais fatores de adoecimento hoje, desencadeando vários transtornos emocionais, psicológicos, físicos e espirituais.
Jesus não abordou a ansiedade como uma doença física, mas como uma maneira de encarar a vida, a qual revela falta de confiança em Deus. Ele aponta para as nossas pré-ocupações, ou seja, ocupar-se antes, que é um estado de incerteza e insegurança sobre o futuro e sobre as questões básicas da vida. Diante desse contexto de insegurança Jesus nos ensina duas atitudes fundamentais para não sermos escravizados pela ansiedade.
Primeiramente, Ele nos ensina a confiar em Deus. O Mestre contrasta os que vivem para as riquezas e, aqueles que vivem para Deus numa disposição de confiança e dependência. De fato, não há como ser apaixonado pelas riquezas e ser liberto das ansiedades. Ele nos convida em Mateus 6:26-27 a aprendermos ter confiança e dependência do Senhor com a simplicidade da natureza: “Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora à sua vida? Para Jesus, a vida como presente de Deus, vale mais do que aquilo que se come e do que se veste. Nossa vida é mais valiosa do que as necessidades imediatas e mesmo assim, o Pai Celeste está atento a todas elas. O convite de Jesus não é para que abandonemos o nosso trabalho e vivamos de contemplação. Seu convite a nós é para um jeito de viver que prioriza a presença de Deus e nossa completa dependência em Sua Providência. É uma proposta de vida com valores eternos e com a consciência de que Deus não deixará faltar nada de essencial a uma vida digna e cheia de esperança.
Em segundo lugar, Ele nos ensina a viver um dia de cada vez. Isso significa saber dar importância ao que realmente vale a pena! Vivemos numa sociedade que, por querer controlar o futuro, tem produzido em nós um vício de antecipação das pré-ocupações da vida. Muitos abrem mão de viver o presente para viver um futuro que ainda não existe. Na realidade, não conseguem ocupar a mente e as energias no presente porque se ocupam com antecipações e deixam de desfrutar as experiências de cada dia. O respeitado pregador Charles Spurgeon disse certa vez: “Nossa ansiedade não esvazia o sofrimento do amanhã, mas apenas esvazia a força do hoje”. Quando Deus é o Senhor da nossa vida as angústias e antecipações com as pré-ocupações futuras se desfazem com a certeza de que o amanhã já está garantido e o presente é recheado da promessa de que o necessário para a vida nos será provido. É preciso ver a vida como um presente de Deus e como uma construção diária, bem expressado na bela canção de Almir Sater: “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais…”. Jesus viveu intensamente e refletidamente cada dia e, assim, por ter vivido a essência da humanidade sendo gente de verdade, tinha autoridade para dizer: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34).
Vivamos confiando em Deus, nosso Pai amoroso e, aprendendo com Jesus a viver um dia de cada vez com gratidão, serenidade, sabedoria e esperança!
ORAÇÃO: Pai amoroso, sou grato(a) pela vida completa que há em Jesus e isso é presente Teu. Mesmo com as marcas que carrego da vida, tenho percebido o Teu constante cuidado. Aumenta a minha fé e ajuda-me a confiar totalmente em Ti e a viver cada dia com o coração repleto da Tua paz! Oro em nome de Jesus. Amém!
Cesar Junker é pastor da I.P.I. Lagoa Dourada em Londrina, PR.