por John Whittaker – Trad. J.C. Pezini
Nos últimos anos me vi refletindo sobre o contraste entre bons membros de igreja e discípulos em crescimento. Isso, por sua vez, me levou a considerar as diferenças sutis entre igrejas que enfatizam o fazer discípulos que crescem na vida espiritual e igrejas que não enfatizam isso, mesmo que essas igrejas sejam o que descreveríamos como igrejas saudáveis e em crescimento.
Penso que este é um ponto criticamente importante, e depois de trinta anos de ministério e treinando líderes, concluí que, muitas vezes, colocamos ênfase e foco em produzir bons membros de igreja ao invés de fazer discípulos em crescimento na vida cristã.
Bons membros de igreja poderiam ser definidos como aqueles que:
- Participam regularmente das atividades da igreja;
- Servem com alguma capacidade em ministérios;
- Ofertam de forma consistente e sacrificial e;
- Possuem compromisso de alguma forma.
Por essa definição, qual pastor não gostaria de uma igreja cheia de bons membros de Igreja? Então, enfatizamos e celebramos bons membros de igreja. Temos reuniões de planejamento estratégico, treinamentos, conferências e livros, todos voltados para ter cada vez mais desses tipos de pessoas em nossa igreja.
Na realidade, uma pessoa poderia fazer todas essas coisas e ainda não estar vivendo como um discípulo de Jesus, alguém que caminha em tornar-se cada vez mais parecido com Jesus.
Agora, para ser justo,discípulos em crescimento geralmente fazem algumas das mesmas coisas que os bons membros de igreja fazem… eles servem, comparecem e ofertam. No entanto, essas coisas são secundárias à sua vida em Cristo, não primárias. Servir, assistir, ofertar, etc., deve fluir de seu discipulado com Jesus, não apenas do seu compromisso com uma igreja local.
Discípulos em crescimento poderiam ser definidos como aqueles que:
- Organizam suas vidas para estar com Jesus;
- Buscam intencionalmente ter o caráter de Jesus;
- Amam cada vez mais o que Jesus ama;
- Estão comprometidos com a missão de Jesus por causa de sua devoção a Jesus.
Para a maioria das igrejas e seus líderes, mudar o foco para formar discípulos em crescimento é ao mesmo tempo sutil e trabalhoso. Pois isso vai reorientar o que priorizamos, o que medimos e o que celebramos.
Ao fazermos bons membros de igreja colocamos muitas vezes a organização em primeiro lugar – seu crescimento, sua saúde financeira, seu tamanho, etc. Enfatiza e celebra tudo o que a organização está fazendo e quantas pessoas a organização já envolveu. Os líderes dizem coisas como “não poderíamos fazer isso sem você…”. O objetivo é ajudar a organização a florescer, e as pessoas são chamadas e celebradas quando participam desse objetivo.
Mas, quando o foco é formar discípulos, as pessoas se movem para a frente e a organização existe para ajudar as pessoas a crescer e permitir seu florescimento.
Quando discípulos em crescimento é o foco, as perguntas então se tornam:
- Como podemos ajudar as pessoas a ordenar suas vidas cotidianas em torno de sua relação com Jesus?
- Como podemos intencionalmente guiar as pessoas para se tornarem como Jesus, de dentro para fora?
- Como a transformação acontece e os nossos programas e eventos estão realmente facilitando tal transformação?
- Como podemos fazer com que as pessoas vivam como discípulas que fazem discípulos?
O objetivo não é mais ter uma grande igreja, mas, formar grandes seres humanos — humanos que estão intencionalmente e cada vez mais se movendo ao longo de um caminho para se tornar como Jesus.
Descobri que para mim e para outros pastores com quem trabalhei, reconhecer as diferenças entre um bom membro da igreja e um discípulo em crescimento traz muita clareza às prioridades nas quais devemos nos concentrar como pastores e líderes se quisermos realizar a missão central da igreja — fazer discípulos. Isso esclarece o alvo e nos ajuda a ver claramente se nossos planos estão definidos sobre as coisas erradas.
Além disso, reconhecer essas diferenças nos concentra no que um discípulo realmente deve ser em contraste com alguém que é apenas um membro ativo e envolvido da igreja, mas não é focado em se tornar como Jesus de dentro para fora.