Rev. Dr. José Carlos Pezini
Você acredita? Você realmente acredita que o Evangelho possa mudar a vida das pessoas? Essa foi a pergunta do meu mentor em uma reunião de mentoria enquanto revelava as
minhas preocupações.
Parece uma questão de fácil resolução, de resposta convicta e imediata. No entanto, tais palavras abriram um hiato em minha mente e, em fração de segundos, racharam o meu coração, transformando esse ínfimo tempo no que parecia a eternidade, um espaço longo e interminável.
Enquanto minha mente impulsiva dizia sim… sim… sim… O meu coração sincero trazia à tona toda a falsa piedade que me treinara para confiar mais em mim mesmo, nos meus recursos e habilidades, em uma capacidade meramente humana, do que em Deus. Sim… em fração de segundos percebi que o Evangelho estava no papel e, eu, estava no controle da minha vida. Deus era apenas o meu parceiro, meu co-piloto. Eu era o comandante.
Então, quando as coisas davam certas era porque Ele tinha me AJUDADO. E, quando davam erradas, certamente, Ele não tinha me orientado direito. O comando nunca era dele. Ele nunca levou o crédito sozinho, apenas os dividendos. E, é claro, quando as coisas saíam do controle, a culpa nunca foi só minha. Logo, acreditar que o Evangelho tem poder para transformar as pessoas significava o mesmo que dizer que EU tinha feito um bom trabalho. Por isso, a pergunta parecia tão difícil de responder.
Porém, a mudança já tinha começado, a estrada sem retorno, a caminhada rumo à cruz que todo cristão deveria fazer, dia após dia. Não falo da salvação da morte e do pecado, mas, do fato de ser salvo de mim mesmo todos os dias.
Quando Deus deixa de ser apenas o fundamento para meras afirmações teológicas, o Cristo sai do crucifixo, o Evangelho torna-se animado e a vida cristã sai do papel, a única possibilidade que se tem é ver o Evangelho realmente transformando vidas. E, isso, não é algo que se diz, mas que se experimenta.
Então… Sim… A resposta ao meu mentor foi sim. No entanto, novas perguntas surgem a cada dia e minhas questões são respondidas diariamente enquanto eu caminho com o Eterno em uma longa estrada na mesma direção. Pois, na vida com Deus, nada como um dia após o outro para nos ensinar a negarmos a nós mesmo, tomar a nossa cruz e simplesmente prosseguir.
Ele não me ofereceu uma casa, um carro ou sapatos confortáveis, mas, sim, uma boa conversa e um ombro amigo.